Mordida: Em quem dói mais?
07:00:00
Até os três anos de idade, as
mordidas são conhecidas, comuns entre as crianças, mas sempre preocupam pais e professores. Para entender o fato, é preciso voltar nossa atenção para o desenvolvimento físico e emocional das crianças.
Segue abaixo mais um texto que recebi da educação infantil e que queria dividir com vocês, pois eu já estive dos dois lados da moeda:
O mundo pela boca
Crianças pequenas têm interesse e
curiosidade por tudo que há à sua volta. A grande interação com o mundo, todos sabem, principia pela boca, por onde o indivíduo faz importantes
descobertas separando o que o constitui e o que constitui o outro. Significativas sensações
de prazer físico, psíquico e social acontecem nesse período, que acompanha a dentição.
Na fase oral, encontramos, com freqüência, a criança mastigando, sugando, chupando, produzindo sons, levando objetos à boca. E mordendo. Desejando conhecer o outro, apropriar-se dele - coisas e pessoas-, manifesta-se desse modo, com essa.agressividade primitiva.
Na fase oral, encontramos, com freqüência, a criança mastigando, sugando, chupando, produzindo sons, levando objetos à boca. E mordendo. Desejando conhecer o outro, apropriar-se dele - coisas e pessoas-, manifesta-se desse modo, com essa.agressividade primitiva.
É meu!
É claro que, um pouco mais tarde,
a mordida ganha nova feição, passando a ser um modo de chamar
a atenção mais rapidamente ou a resposta a um desejo contrariado (antes o choro era o recurso mais
utilizado para isso). Normalmente, essa criança ainda.não fala com tanta fluência, articula as palavras com alguma lentidão e sabe que, com essa abordagem mais "enfática", resolverá mil vezes mais rapidamente a disputa pelo brinquedo. Apesar de sabermos que essas manifestações agressivas na infância não resultam na constituição de um sujeito violento na idade adulta, é claro que esse comportamento deve ser desestimulado. Com a estruturação da linguagem e do pensamento, com a construção da razão, a criança encontra estratégias mais refinadas para solucionar conflitos.
Em situações estressantes, esse tipo de reação também não é algo raro. Mães e professores têm relatos de crianças que, em meio a um grande número de pessoas, como em festas, por exemplo, mordem por ansiedade e insegurança. Alguns momentos na vida da família também podem detonar irritabilidade e agressões: um irmãozinho chegando ou recém-nascido; pai e mãe se separando; mudança de casa ainda não assimilada; todos são exemplos muito comuns. Ainda devemos lembrar dos filhos únicos e mais possessivos, que costumam ter um baixo nível de tolerância.
a atenção mais rapidamente ou a resposta a um desejo contrariado (antes o choro era o recurso mais
utilizado para isso). Normalmente, essa criança ainda.não fala com tanta fluência, articula as palavras com alguma lentidão e sabe que, com essa abordagem mais "enfática", resolverá mil vezes mais rapidamente a disputa pelo brinquedo. Apesar de sabermos que essas manifestações agressivas na infância não resultam na constituição de um sujeito violento na idade adulta, é claro que esse comportamento deve ser desestimulado. Com a estruturação da linguagem e do pensamento, com a construção da razão, a criança encontra estratégias mais refinadas para solucionar conflitos.
Em situações estressantes, esse tipo de reação também não é algo raro. Mães e professores têm relatos de crianças que, em meio a um grande número de pessoas, como em festas, por exemplo, mordem por ansiedade e insegurança. Alguns momentos na vida da família também podem detonar irritabilidade e agressões: um irmãozinho chegando ou recém-nascido; pai e mãe se separando; mudança de casa ainda não assimilada; todos são exemplos muito comuns. Ainda devemos lembrar dos filhos únicos e mais possessivos, que costumam ter um baixo nível de tolerância.
Ajudando a criança que morde
Cabe-nos ajudar tanto a criança
agressora quanto a que sofre as investidas identificando as razões das mordidas e interrompendo o processo para evitar a instalação da
agressividade no grupo. Dê possibilidade a seu filho ou aluno de expressar o que ele sente para que
compreenda o que está acontecendo consigo. Quando ele não souber dizer por que mordeu o colega,
experimente oferecer- lhe algumas opções.
Fora da situação em que os ânimos
estão exaltados, mostre à criança que o amigo ficou triste e machucado. É importante considerar que o conceito de dor, como o de outras
sensações, é construido, Imaginar-se no lugar do outro é um excelente exercício para
despertar a percepção das conseqüências das ações que se pratica.
Por mais que pareça a melhor
medida, o isolamento da criança não resolve o problema. Aprende-se a
conviver bem experimentando a convivência. Ao mesmo tempo, dê mais atenção às crianças para reduzir a incidência de ataques.
conviver bem experimentando a convivência. Ao mesmo tempo, dê mais atenção às crianças para reduzir a incidência de ataques.
Antecipe a ação negativa
intervindo para evitar que a criança reincida. É preciso aprender a identificar
o contexto dentro do qual ela apela para a mordida. Assim, quando estiver
diante da situação-limite, a criança terá a chancede ser estimulada a trocar a comunicação corporal pela
argumentação verbal.
Impeça que a criança sinta-se premiada com o comportamento inadequado. Ela não deve usufruir daquilo que conquistou à base da mordida (isso vale para chutes, beliscões, tapas, arranhões). Além disso, estimule sempre um pedido de desculpas.
Impeça que a criança sinta-se premiada com o comportamento inadequado. Ela não deve usufruir daquilo que conquistou à base da mordida (isso vale para chutes, beliscões, tapas, arranhões). Além disso, estimule sempre um pedido de desculpas.
Se você perceber a necessidade de
ameaçar com uma medida punitiva, combine o que acontecerá se o ato voltara ser praticado e cumpra o combinado. Voltar atrás é dizer que você
não tem certeza de sua decisão. Vale lembrar que a punição. não deve ser física e que a criança
não deve ser humilhada.
Ela foi mordida de novo
Muitas vezes, avalia-se que uma
criança é precoce, que é mais madura porque gosta mais de conviver com crianças mais velhas ou com adultos, demonstrando desconforto,
inquietude, irritação quando está com outras crianças de sua idade. Claro que é possível que isso
ocorra, mas o que verificamos, normalmente, é que o dia-a-dia entre indivíduos da mesma faixa
etária, na fase do desenvolvimento de que estamos tratando, é mesmo o que há de mais difícil - por
isso, às vezes, menos desejado -, pois todos têm demandas semelhantes. Aqui não há o que
"tem que ceder porque o amigo é mais novo".
Voltemo-nos para a criança que é
mordida repetidas vezes. Ela precisa de acolhimento - atenção e ajuda - para melhorar seus reflexos, expressar seu descontentamento e encontrar
mecanismos de defesa. Fortalecê-Ia, porém, não é incentivar o revide, o que ocorre com freqüência
com alguns pais pelo receio de que seu filho se torne um sujeito passivo diante da vida. É preciso
lembrar que o adulto não deve oferecer um modelo agressivo sob pena de fixar o ambiente hostil
que está rondando os primeiros relacionamentos da criança. Por mais que seja sofrido ver o filho
marcado por um colega, evite o rancor, pois a criança que morde não é má, e seus pais sofrem
muito temendo que ela seja discriminada pela turminha e pelos outros pais.
Final feliz
Uma mãe, minha amiga de longa
data, vive recontando as histórias de seus dois filhos. O primeiro foi
mordido algumas vezes pelos colegas, e isso doía mais nela (quem não a compreende?) do que no braço dele. O segundo filho, dois anos mais novo, foi para o outro lado da corda: até babava, literalmente, quando via uma bochecha por perto. Aborrecido, então, distribuía empurrões e marcas de dentes entre os que estivessem ao seu alcance. Ela não sabe quando sofreu mais: se quando mãe da vítima ou mãe do agressor.
mordido algumas vezes pelos colegas, e isso doía mais nela (quem não a compreende?) do que no braço dele. O segundo filho, dois anos mais novo, foi para o outro lado da corda: até babava, literalmente, quando via uma bochecha por perto. Aborrecido, então, distribuía empurrões e marcas de dentes entre os que estivessem ao seu alcance. Ela não sabe quando sofreu mais: se quando mãe da vítima ou mãe do agressor.
Bem, a boa notícia é que esses
comportamentos são passageiros. Se bem conduzidos, por mãos firmes e afetivas, nossos pequeninos aprenderão a superar essa fase e construirão
relações sociais saudáveis. Trocar experiências com o professor, com o pediatra, com o
psicólogo, com outros pais rende tranqüilidade para uma ação positiva.
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